LEI COMPLEMENTAR Nº 1.078, DE 17
DE DEZEMBRO DE 2008
Institui Bonificação por
Resultados - BR, no âmbito da Secretaria da Educação, e dá providências
correlatas
O GOVERNADOR
DO ESTADO DE SÃO PAULO:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu
promulgo a seguinte lei complementar:
Artigo 1º -
Fica instituída, nos termos desta lei complementar, Bonificação por Resultados -
BR, a ser paga aos servidores em efetivo exercício na Secretaria da Educação,
decorrente do cumprimento de metas previamente estabelecidas, visando à melhoria
e ao aprimoramento da qualidade do ensino público.
Artigo 2º - A Bonificação por Resultados - BR
constitui, nos termos desta lei complementar, prestação pecuniária eventual,
desvinculada dos vencimentos ou do salário do servidor, que a perceberá de
acordo com o cumprimento de metas fixadas pela Administração.
§ 1º - A Bonificação por Resultados - BR não
integra nem se incorpora aos vencimentos, salários, proventos ou pensões para
nenhum efeito e não será considerada para cálculo de qualquer vantagem
pecuniária ou benefício, não incidindo sobre a mesma os descontos
previdenciários e de assistência médica.
§ 2º - A Bonificação por Resultados - BR não
será considerada para fins de determinação do limite a que se refere o inciso
XII do artigo 115 da Constituição Estadual.
Artigo 3º - A Bonificação por Resultados - BR
será paga na proporção direta do cumprimento das metas definidas para a unidade
de ensino ou administrativa onde o servidor estiver desempenhando suas funções,
observados os artigos 8º, 9º e 10 desta lei complementar.
§ 1º - Para os fins do disposto no "caput"
deste artigo, as unidades de ensino e administrativas serão submetidas à
avaliação destinada a apurar os resultados obtidos em cada período, de acordo
com os indicadores e metas referidos nos artigos 4º a 7º desta lei
complementar.
§ 2º - As
metas deverão evoluir positivamente em relação aos mesmos indicadores do período
imediatamente anterior ao de sua definição, excluídas alterações de ordem
conjuntural que independam da ação do Estado, na forma a ser disciplinada em
resolução do Secretário da Educação.
Artigo 4º -
Para fins de aplicação do disposto nesta lei complementar,
considera-se:
I -
indicador:
a) global:
índice utilizado para definir e medir o desempenho de toda a Secretaria da
Educação;
b) específico:
índice utilizado para definir e medir o desempenho de uma ou mais unidades de
ensino ou administrativas;
II - meta:
valor a ser alcançado em cada um dos indicadores, globais ou específicos, em
determinado período de tempo;
III - índice
de cumprimento de metas: a relação percentual estabelecida entre o valor
efetivamente alcançado no processo de avaliação e a meta fixada;
IV - índice agregado de cumprimento de metas: a
consolidação dos índices de que trata o inciso III deste artigo, conforme
critérios a serem estabelecidos por comissão intersecretarial, na forma do
artigo 6º desta lei complementar, podendo ser adotados pesos diferentes para as
diversas metas;
V -
retribuição mensal: a retribuição pecuniária mensal efetivamente percebida e em
caráter permanente pelo servidor, durante o período de avaliação, excetuados os
valores referentes ao abono de permanência, acréscimo de um terço de férias,
décimo terceiro salário, salário-família, salário-esposa, adicional de
insalubridade e periculosidade, adicional noturno, auxílio-transporte, adicional
de transporte, diárias, diária de alimentação, ajuda de custo para alimentação,
reembolso de regime de quilometragem, gratificação pela participação em órgãos
de deliberação coletiva, prestação de serviço extraordinário, vantagens
pecuniárias de caráter indenizatório, Bonificação por Resultados - BR e outras
vantagens de mesma natureza, bem como os valores referentes ao atraso no
pagamento de qualquer das verbas referidas neste inciso, do exercício corrente e
de anteriores;
VI - dias de
efetivo exercício: os dias do período de avaliação em que o servidor tenha
exercido regularmente suas funções, desconsiderada toda e qualquer ausência, à
exceção das que se verificarem em virtude de férias, licença à gestante,
licença-paternidade e licença por adoção;
VII - índice de dias de efetivo exercício: a
relação percentual estabelecida entre os dias de efetivo exercício a que se
refere o inciso VI deste artigo e o total de dias do período de avaliação em que
o servidor deveria ter exercido regularmente suas funções.
Artigo 5º - A avaliação de resultados a que se
refere o § 1º do artigo 3º desta lei complementar será baseada em indicadores
que deverão refletir o desempenho institucional no sentido da melhoria da
qualidade do ensino e da aprendizagem, podendo considerar, quando for o caso,
indicadores de desenvolvimento gerencial e de absenteísmo.
Parágrafo único - Os indicadores a que se
refere o "caput" deste artigo serão definidos para períodos determinados,
observados os critérios de:
1 -
alinhamento com os objetivos estratégicos da Secretaria da Educação;
2 - comparabilidade ao longo do
tempo;
3 - mensuração
objetiva e apuração a partir de informações previamente existentes;
4 - publicidade e transparência na
apuração.
Artigo 6º - Os
indicadores globais e seus critérios de apuração e avaliação, bem como as metas
de toda a Secretaria da Educação, serão definidos mediante proposta do
Secretário da Educação, por comissão intersecretarial, a ser constituída em
decreto, integrada pelos Titulares das seguintes Pastas:
I - Secretaria da Casa Civil, que presidirá a
comissão;
II -
Secretaria da Fazenda;
III -
Secretaria de Economia e Planejamento;
IV - Secretaria de Gestão Pública.
Artigo 7º - Cabe ao Secretário da Educação a
definição de indicadores específicos e seus critérios de apuração e avaliação,
bem como as metas de cada unidade de ensino e administrativa.
§ 1º - Os indicadores, critérios e metas das
unidades de ensino e administrativas deverão estar alinhados com os definidos
para toda a Secretaria da Educação.
§ 2º -
Dar-se-á ampla publicidade às informações utilizadas para a definição e apuração
das metas referidas no "caput" deste artigo.
Artigo 8º - A avaliação de que trata o § 1º do
artigo 3º desta lei complementar será realizada em periodicidade não superior a
um ano, sendo facultada a sua realização em períodos menores e distintos entre
as unidades de ensino e administrativas, quando for o caso.
§ 1º - O período de avaliação será definido
pelo Secretário da Educação.
§ 2º - As
regras para a interposição de recursos sobre os resultados obtidos pela unidade
de ensino ou administrativa no processo de avaliação, seu julgamento e demais
providências serão estabelecidas por resolução do Secretário da
Educação.
§ 3º -
Independente da periodicidade da avaliação relativa à Bonificação por Resultados
- BR, o Secretário da Educação poderá determinar avaliações de acompanhamento em
períodos inferiores, para fins de ajuste ou correção de trajetória
institucional.
Artigo 9º - O
valor da Bonificação por Resultados - BR, a ser pago anualmente, será calculado
sobre até 20% (vinte por cento) do somatório da retribuição mensal do servidor
relativo ao período de avaliação, multiplicado pelo:
I - índice agregado de cumprimento de metas
específicas obtido pela unidade de ensino ou administrativa; e
II - índice de dias de efetivo
exercício.
§ 1º - O
montante total a ser despendido com o pagamento da Bonificação por Resultados -
BR poderá superar o limite a que se refere o "caput" deste artigo, respeitada a
dotação orçamentária, conforme resolução conjunta a ser editada por comissão
intersecretarial, na forma do artigo 6º desta lei complementar, em função dos
resultados globais obtidos nos períodos de avaliação, devendo o valor a ser pago
ao servidor obedecer ao disposto nos incisos I e II deste artigo.
§ 2º - Os servidores de unidades de ensino ou
administrativas cujo índice de cumprimento de metas específicas for superior às
metas definidas poderão receber um adicional de até 20% (vinte por cento) do
valor da Bonificação por Resultados - BR, conforme resolução conjunta a ser
editada por comissão intersecretarial, na forma do artigo 6º desta lei
complementar.
§ 3º - A
Bonificação por Resultados - BR será paga em até 2 (duas) parcelas, durante o
ano seguinte ao do término do período de avaliação.
Artigo 10 - A Bonificação por Resultados - BR
será paga ao servidor que tenha participado do processo para cumprimento das
metas em pelo menos 2/3 (dois terços) do período de avaliação.
§ 1º - Os servidores transferidos ou afastados
durante o período de avaliação farão jus à Bonificação por Resultados - BR,
proporcionalmente aos dias de efetivo exercício na Secretaria da Educação, desde
que cumprido o tempo mínimo de participação previsto no "caput" deste
artigo.
§ 2º -
Aplica-se o disposto no § 1º deste artigo aos servidores que passarem a ter
efetivo exercício na Secretaria da Educação durante o período de avaliação,
inclusive na hipótese de afastamento de órgãos, entidades ou Poderes, de
qualquer dos entes federativos.
§ 3º - O
servidor afastado com fundamento na Lei Complementar nº 343, de 6 de janeiro de
1984, fará jus à Bonificação por Resultados - BR, de que trata esta lei
complementar, nos termos a serem definidos em decreto.
Artigo 11 - Os servidores pertencentes aos
quadros de pessoal da Secretaria da Educação afastados para os fins do Programa
de Ação de Parceria Educacional Estado-Município farão jus à Bonificação por
Resultados - BR, desde que as escolas ou os municípios destinatários do
afastamento participem do sistema de avaliação, nos termos desta lei
complementar e de sua regulamentação.
Parágrafo
único - Até a adesão das escolas ou municípios ao sistema de avaliação,
os servidores de que trata o "caput" deste artigo poderão receber a Bonificação
por Resultados - BR, conforme definido em decreto.
Artigo 12 - É vedado o pagamento da Bonificação
por Resultados - BR, nos termos desta lei complementar, aos:
I - servidores que percebam vantagens de mesma
natureza;
II -
servidores da Secretaria de Educação afastados para outros órgãos, entidades ou
Poderes, de qualquer dos entes federativos, salvo nas hipóteses previstas nesta
lei complementar;
III -
aposentados e pensionistas.
Artigo 13 - O
Poder Executivo poderá destinar recursos orçamentários adicionais às unidades de
ensino e administrativas da Secretaria da Educação que apresentarem maior índice
de cumprimento de metas, nos termos desta lei complementar, conforme os
resultados obtidos no período de 1 (um) ano de avaliação, como estímulo à
contínua melhoria do desempenho institucional.
Parágrafo único - Os recursos orçamentários
adicionais de que trata o "caput" deste artigo não poderão ser utilizados para o
pagamento de despesas consideradas como de pessoal e encargos sociais.
Artigo 14 - A manipulação de dados e
informações com o propósito de alterar o resultado das avaliações previstas
nesta lei complementar caracteriza procedimento irregular de natureza grave, a
ser apurado mediante procedimento disciplinar, assegurados o direito à ampla
defesa e ao contraditório, na forma da lei.
Artigo 15 - As despesas decorrentes da
aplicação desta lei complementar correrão à conta das dotações próprias
consignadas no orçamento vigente, ficando o Poder Executivo autorizado a abrir
créditos suplementares, se necessário, mediante a utilização de recursos nos
termos do artigo 43 da Lei federal nº 4.320, de 17 de março de 1964.
Artigo 16 - Esta lei complementar entra em
vigor na data de sua publicação.
Palácio dos Bandeirantes, aos 17 de dezembro de
2008.
José
Serra
Maria Helena Guimarães de Castro
Secretária da
Educação
Mauro Ricardo Machado Costa
Secretário da
Fazenda
Francisco Vidal Luna
Secretário de
Economia e Planejamento
Sidney Estanislau Beraldo
Secretário de Gestão
Pública
Aloysio Nunes Ferreira Filho
Secretário-Chefe da
Casa Civil
Publicada na Assessoria Técnico-Legislativa, aos 17
de dezembro de 2008.