Resolução, de
6-8-2019
Homologando, com
fundamento no artigo 9º da Lei10.403, de 6-7-1971, a Deliberação CEE 169/2019,
que “Fixa normas relativas ao Currículo Paulista da Educação Infantil e Ensino
Fundamental para a rede estadual, rede privada e redes municipais que possuem
instituições vinculadas ao Sistema de Ensino do Estado de São Paulo, e dá outras
providências”.
DELIBERAÇÃO CEE
169/2019
Fixa normas relativas
ao Currículo Paulista da Educação Infantil e Ensino Fundamental para a rede
estadual, rede privada e redes municipais que possuem instituições vinculadas
ao Sistema de Ensino do Estado de São Paulo, e dá outras providências
O Conselho Estadual
de Educação considerando que:
- a Base Nacional
Comum Curricular (BNCC) que contempla a Educação Infantil e Ensino Fundamental
foi aprovada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) e homologada pelo MEC, em
dezembro de 2017, depois de audiências públicas realizadas em todas as regiões
do Brasil;
- a BNCC da Educação
Infantil e do Ensino Fundamental é um documento normativo que define o conjunto
progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver
ao longo destas etapas da sua escolaridade;
- as redes de ensino
já começaram a preparar seus processos de planejamento e implementação, que
serão fundamentais para que a BNCC cumpra o seu papel de promover mais
qualidade e equidade na aprendizagem dos estudantes;
- a Secretaria de
Estado da Educação (SEDUC) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Ensino de São Paulo (UNDIME/SP) encaminharam para a apreciação deste Colegiado as
diretrizes curriculares que devem orientar as etapas da Educação Infantil e do
Ensino Fundamental, consubstanciadas no documento intitulado “Currículo
Paulista”;
- em reunião Plenária
de 19-06-2019, este Colegiado aprovou a Indicação CEE 179/2019 contendo o
Currículo Paulista da Educação Infantil e Ensino Fundamental para o Sistema de Ensino
do Estado de São Paulo depois de amplo trabalho colaborativo, princípio central
para a implementação da BNCC;
- a necessidade de
organizar o trabalho das redes de ensino e escolas para que possam se apropriar
e concretizar as aprendizagens pautadas pela BNCC e consequente Currículo
Paulista;
- a importância das
escolas em atuarem de forma a preservar, revelar e valorizar a identidade e
diversidade de cada localidade ou região e que isto seja apropriado pelos
educadores como instrumento orientador da sua prática; a indispensável formação
continuada de professores ,revisão dos Projetos Pedagógicos das escolas e
orientação tanto sobre materiais didáticos quanto sobre avaliação e
acompanhamento das aprendizagens, no uso de suas atribuições dispostas no
artigo 2º da Lei Estadual 10.403/71 e, especialmente, com fundamento nos artigos
205 e 210 da Constituição Federal, nos artigos 2º, 22, 23,26, 29 e 32 da Lei
9.394/1996, na Resolução CNE/CP 2/2017, e na Indicação CEE 179/2019,
Delibera:
Artigo 1º - As
instituições vinculadas ao Sistema de Ensino do Estado de São Paulo devem
seguir o Currículo Paulista da Educação Infantil e do Ensino Fundamental que
integra, como Anexo, a Indicação 179/2019.
Artigo 2º - A
Secretaria de Estado da Educação deverá:
I - promover ações,
em regime de colaboração com a UNDIME/SP e a UNCME/SP, de apoio, acompanhamento
e avaliação da implementação do Currículo Paulista, na etapa da Educação Infantil
e do Ensino Fundamental;
II - instituir, em
colaboração com a UNDIME/SP, uma Comissão para acompanhar a implementação do
Currículo Paulista;
III - providenciar
para que as Matrizes do Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de
São Paulo (SARESP)sejam adequadas ao Currículo Paulista, no prazo de 1 ano, a partir
de 2019;
IV - providenciar que
as Matrizes de Avaliação Formativa sejam adequadas ao Currículo Paulista, no
prazo de 1 ano, a partir de 2019.
Artigo 3º - As
Propostas Pedagógicas das instituições vinculadas ao Sistema de Ensino do
Estado de São Paulo devem:
I - ser adequadas ao
Currículo Paulista até dezembro de2020, respeitada a autonomia que lhes é
conferida por lei;
II - contemplar as
suas diferentes modalidades de ensino, observadas as especificidades locais e
regionais, em conformidade ao Currículo Paulista.
Artigo 4º - A
Formação Continuada deve garantir:
I - aos professores
no Sistema de Ensino do Estado de São Paulo a apropriação dos conteúdos e
orientações definidos no Currículo Paulista, para enriquecimento de sua prática
pedagógica com foco nas aprendizagens de todos os estudantes;
II - aos diretores,
coordenadores pedagógicos, supervisores de ensino e demais profissionais
ligados às instituições vinculadas ao Sistema de Ensino do Estado de São Paulo
que se apropriem dos conteúdos e orientações definidos no Currículo Paulista e
tornem-se capazes de operacionalizar as implicações dessas orientações na
organização de espaços e tempos na escola mais adequados para o desenvolvimento
das aprendizagens previstas para todos os estudantes.
Artigo 5º - As Instituições
de Ensino Superior, responsáveis pela formação inicial e continuada de docentes
para a Educação Infantil e Ensino Fundamental devem garantir nos planos decurso
e bibliografias dos cursos de Licenciatura, a inserção dos conteúdos do
Currículo Paulista, bem como espaço para discussão e apropriação dos mesmos
pelos alunos, com vistas a fundamentar e orientar a organização do trabalho em sala
de aula e na escola desses futuros profissionais da educação.
Parágrafo único. Os
pedidos de autorização, de reconhecimento e de renovação de reconhecimento de
cursos de graduação de Licenciatura, as Instituições de Ensino Superior deverão
observar o disposto no caput deste artigo.
Artigo 6º - A
Comissão a que se refere o inciso II do art. 2ºdesta Deliberação deverá:
I - apresentar seu
Plano de Trabalho ao CEE, com especial destaque para as ações relativas à
revisão dos Projetos Pedagógicos das escolas e orientação tanto sobre materiais
didáticos quanto avaliação e acompanhamento das aprendizagens;
II - acompanhar as
ações de implementação e demais ações formativas das redes de ensino, relativas
ao Currículo Paulista;
Artigo 7º - Esta
Deliberação entra em vigor na data da publicação de sua homologação,
revogando-se as disposições sem contrário.
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
O CONSELHO ESTADUAL
DE EDUCAÇÃO aprova, por unanimidade, a presente Deliberação.
Sala “Carlos
Pasquale”, em 19-06-2019.
Cons. Hubert Alquéres
Presidente
DELIBERAÇÃO CEE
169/19 - Publicada no D.O. de 20-06-2019 - Seção I - Página 24.
PROCESSO:
1570674/2019
INTERESSADAS:
Secretaria de Estado da Educação (SEDUC)e União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Ensino de São Paulo (UNDIME/SP)
ASSUNTO: Currículo
Paulista para o Sistema de Ensino do Estado de São Paulo - etapas da Educação
Infantil e do Ensino Fundamental
RELATORAS: Conss Ghisleine Trigo Silveira,
Ana Teresa Gavião Almeida Marques Mariotti e Rose
Neubauer
INDICAÇÃO CEE
179/2019 CE Aprovado em 19-06-2019
CONSELHO PLENO
I - APRESENTAÇÃO
A Secretaria de
Estado da Educação (SEDUC) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de
Ensino de São Paulo (UNDIME/SP) encaminharam em 19-12-2018, para a apreciação
do Conselho Estadual de Educação, as diretrizes curriculares que devem orientar
as etapas da Educação Infantil e o Ensino Fundamental, consubstanciadas no
documento intitulado “Currículo Paulista”. Em janeiro de 2019, o Secretário de Estado
da Educação, em Reunião Plenária deste Colegiado, reforçou a necessidade da
apreciação ainda no primeiro semestre do ano, e destacou a importância da
capacitação de professores e elaboração de materiais de apoio para que o
Currículo Paulista seja implementado nas escolas, já no ano de 2020.
A Portaria CEE/GP 24,
de 23-01-2019, designou as Conselheiras Ghisleine
Trigo Silveira, Ana Teresa Gavião Almeida Marques Mariotti
e Rose Neubauer para compor a Comissão Especial com o objetivo de analisar e
emitir parecer sobre o Currículo Paulista da Educação Infantil e Ensino Fundamental
para o Sistema de Ensino de São Paulo.
O documento
curricular analisado define e explicita as competências e as habilidades
essenciais que devem ser garantidas para o desenvolvimento cognitivo, social e
emocional de todos os estudantes matriculados na Educação Infantil e no Ensino
Fundamental do Estado de São Paulo. Construído em regime de colaboração, com a
participação da UNDIME/SP, representando os municípios, e da Secretaria de
Estado da Educação (SEDUC/SP), com o suporte do Programa de Apoio à Base
Nacional Comum Curricular (ProBNCC), foi também
discutido no âmbito deste Conselho Estadual de Educação, no período de
fevereiro a junho do presente ano, sob coordenação da Comissão Especial nomeada
pela referida Portaria CEE/GP 24.
Esta Indicação
apresenta o resultado dos trabalhos da Comissão Especial, com as devidas
análises, proposta de redação final, além de recomendações e normas para
orientara implementação do Currículo da Educação Infantil e Ensino Fundamental
para o Sistema de Ensino do Estado de São Paulo.
II. FUNDAMENTACÃO
LEGAL
O Currículo Paulista
atende ao disposto nas determinações legais que culminaram na Resolução CNE/CEB
002/2017, que institui a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento de
caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens
essenciais como direito de todas as crianças, jovens e adultos no âmbito da
Educação Básica e a necessidade de sua implementação pelos sistemas de ensino das
diferentes instâncias federativas e pelas instituições e/ou redes escolares.
Ainda segundo a
referida legislação, a BNCC deve fundamentar a concepção, formulação,
implementação, avaliação e revisão dos currículos, e, consequentemente, das propostas
pedagógicas das instituições escolares, contribuindo, para articulação e
coordenação de políticas e ações educacionais desenvolvidas no âmbito de cada
Estado.
A implementação da
BNCC deve contribuir para a superação da fragmentação das políticas
educacionais, ensejando o fortalecimento do regime de colaboração entre as três
esferas de governo, princípio já observado no processo de construção do
Currículo Paulista, nos termos descritos no item seguinte.
III. O PROCESSO DE
CONSTRUÇÃO DO CURRÍCULO PAULISTA As discussões visando a elaboração do
Currículo Paulista tiveram início em 2018, com a efetivação do Regime de
Colaboração realizado entre o MEC, o CONSED, a UNDIME, o FNCEE e a UNCME, por
meio do Programa de Apoio à Implantação da BN C (Pro BNCC), instituído pela
Portaria MEC 331.
Redatores
representantes da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEDUC-SP) e da
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação de São Paulo (UNDIME-SP) participaram
diretamente do processo de elaboração do Currículo Paulista. A primeira versão,
resultante da leitura analítica das proposições da BNCC e do cotejamento dessas
propostas com documentos curriculares das diferentes Redes Municipais, da Rede
Privada eda Rede Estadual, foi disponibilizada para
Consulta Pública, com base em formulário online, no período de 12/09 a
05-10-2018.
A Consulta Pública
contou com a participação de 44.443pessoas, que contribuíram com 103.425
sugestões para o texto introdutório do Currículo Paulista e outras 2.557.779
para os textos das diferentes etapas de escolaridade e respectivos componentes
curriculares. Os redatores incorporaram as sugestões consideradas pertinentes à
natureza de um documento curricular e afinadas com as definições pedagógicas da
BNCC, o que resultou em uma segunda versão do Currículo Paulista, discutida em
82 seminários regionais, realizados no período de 22/10 a 30-10-2018.
Participaram desses seminários 29.786professores e gestores educacionais das
redes públicas e privada de 611 municípios.
A terceira versão do
Currículo Paulista, encaminhada formalmente para apreciação deste Conselho
Estadual de Educação, em 19-12-2018, incorporou as sugestões consideradas pertinentes
pelos redatores.
No período de
fevereiro a maio de 2019, em reuniões presenciais e a distância, a Comissão
Especial deste Conselho apresentou, aos redatores da SEDUC e UNDIME,
recomendações para revisão dessa versão, com destaque para as seguintes:
- revisão da
estrutura geral do documento, com vistas a padronizar os assuntos/conteúdos
abordados nas etapas da Educação Infantil e do Ensino Fundamental e os
documentos de apresentação das diferentes áreas do Ensino Fundamental
(Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino
Religioso);
- inserção, na
introdução do documento, de registro de experiências anteriores do Estado de
São Paulo, na construção de currículos municipais e estadual;
- explicitação e/ou
detalhamento dos fundamentos e prioridades pedagógicas do Currículo Paulista,
em atendimento às definições da BNCC: a educação integral, o compromisso de toda
a equipe escolar com construção da base alfabética até o2º ano do Ensino
Fundamental, com o letramento e os multiletramentos,
com o estímulo ao protagonismo dos estudantes e com a construção de seu Projeto
de Vida - nesse último caso, especialmente nos anos finais do Ensino
Fundamental - e, ainda, a ênfase à tecnologia digital, no sentido de considerar
o aluno como consumidor e produtor de tecnologia;
- inserção de referências
à gestão da aprendizagem a serviço do desenvolvimento das competências
definidas na BNCC, com destaque para a seleção de metodologias e estratégias de
ensino e de avaliação formativa.
A versão revista em
atendimento a essas recomendações foi apresentada pelos redatores da SEDUC e
UNDIME à Comissão Especial deste Conselho Estadual de Educação, em 19-05-2019.
Foram reiteradas,
pela Comissão, recomendações para que, no Currículo Paulista, observe-se o
conceito de competência instituído na BNCC e, ainda, que seja enfatizada, em
todos os componentes curriculares, a íntima correlação entre as habilidades
socioemocionais e as cognitivas.
A redação final do
Currículo Paulista da Educação Infantil e Ensino Fundamental para o Sistema de
Ensino do Estado de São Paulo segue em anexo a esta Indicação.
IV. FUNDAMENTOS
PEDAGÓGICOS DO CURRICULO PAULISTA
O Currículo Paulista
afirma o compromisso com o desenvolvimento dos estudantes em suas dimensões
intelectual, física, socioemocional e cultural. Define as competências e as habilidades
essenciais para sua atuação na sociedade contemporânea e seus cenários
complexos, multifacetados e incertos, avocando as dez competências gerais da
BNCC:
1. Valorizar e
utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mundo físico,
social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e
inclusiva.
2. Exercitar a
curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, incluindo
a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver
problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos
das diferentes áreas.
3. Valorizar e fruir
as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e
também participar de práticas diversificadas da produção artístico - cultural.
4. Utilizar
diferentes linguagens - verbal (oral ou visual--motora, como Libras, e
escrita), corporal, visual, sonora e digital-, bem como conhecimentos das
linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir
sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender,
utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma
crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações,
produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na
vida pessoal e coletiva.
6. Valorizar a
diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conhecimentos e
experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mundo do trabalho
e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida,
com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com
base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e
defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local,
regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se,
apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na
diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica
e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos ea
cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
direitos humanos.
10. Agir pessoal e
coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, tomando decisões, com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos,
sustentáveis e solidários.
Essas competências
gerais contemplam integradamente conceitos, procedimentos, atitudes e valores,
explicitando o compromisso do Currículo Paulista com a educação integral e com o
desenvolvimento de competências socioemocionais. Dessa maneira, espera-se que a
instituição escolar possa se consolidar como um espaço privilegiado para a
experiência do autoconhecimento, do fortalecimento da identidade dos estudantes
e a construção de seus projetos de vida; para a autoria, a crítica e a
criatividade na produção de conhecimentos; e para práticas participativas,
colaborativas e corresponsáveis com o âmbito local e planetário.
Por sua vez, o
desenvolvimento da empatia, da colaboração e da responsabilidade supõe
processos intencionais vivenciados nas interações, em que essas habilidades são
mobilizadas simultaneamente aos processos cognitivos - o que reforça o entendimento
que as competências cognitivas e socioemocionais são indissociáveis. Além
disso, como bem destaca o Currículo Paulista, “o desenvolvimento das
competências socioemocionais não tem como escopo conformar subjetividades, isto
é, não deve haver nenhum tipo de determinismo sobre o que o estudante deve
tornar-se, uma vez que seu desenvolvimento está relacionado ao aprender a ser”.
Quando o Currículo
Paulista assume as dez competências gerais da BNCC, sinaliza para a necessidade
de que as decisões pedagógicas promovam o desenvolvimento de competências
necessárias ao pleno desenvolvimento dos estudantes. Reitera--se, assim, o entendimento
de que competência é “a mobilização de conhecimentos (conceitos e
procedimentos), habilidades(práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e
valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício
da cidadania e do mundo do trabalho” (BNCC, p. 8).Além disso, são reiterados os
quatro pilares de uma educação para o século XXI, definidos por Jacques Delors:
espera-se que as escolas possam assegurar aos estudantes a transposição de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores em intervenções concretas e
solidárias (aprender a fazer e a conviver), no processo da construção de sua
identidade, aprimorando as capacidades de situar-se e perceber-se na
diversidade, de pensar e agir no mundo de modo empático, respeitoso à
diversidade, criativo e crítico (aprender a ser), bem como no desenvolvimento de
sua autonomia para gerenciar a própria aprendizagem e continuar aprendendo
(aprender a aprender).
O Currículo Paulista
sinaliza que as competências e habilidades relativas à alfabetização, ao
letramento e aos (multi)letramentos devem se desenvolver
em todas as áreas do conhecimento - e não apenas em Língua Portuguesa. Afirma,
ainda, que “a alfabetização é central na
aprendizagem das crianças” e que o Estado de São Paulo tem como meta a completa
alfabetização de todas as crianças paulistas até que completem oito anos, ou
seja, no final do 2º ano do Ensino Fundamental, definindo a alfabetização como
“o desenvolvimento da capacidade de compreender e analisar criticamente
diferentes gêneros que circulam em diferentes esferas da atividade humana em
diversas linguagens, bem como a aquisição da escrita alfabética”. Portanto, “a
alfabetização não se restringe apenas à apropriação da palavra escrita, mas
designa um conjunto de saberes e fazeres específicos e fundamentais para o
desenvolvimento cognitivo e para as aprendizagens posteriores”.
O Currículo Paulista
reitera a Competência 6 da BNCC, o que significa estimular e apoiar os
estudantes na construção de seu projeto de vida, assegurando-lhes condições e
espaços para refletir sobre seus objetivos, identificar suas aspirações, bem como
suas potencialidades para realizá-las, aprender a planejar e a definir suas
metas e a se organizar para alcançá-las, com autoconfiança, persistência,
determinação e esforço.
Para tanto, é
necessário que tenham oportunidades para o desenvolvimento do autoconhecimento
- sem o que não teriam condições para identificar suas demandas pessoais - e,
também, para que exercitem a autoria e o protagonismo - sem o que seria muito
difícil ter autonomia para planejar, buscar soluções e readequar estratégias e
intervenções na busca da construção e execução de seu projeto.
Assim, embora a BNCC
defina que a construção de projetos de vida ocorra especialmente nos Anos
Finais do Ensino Fundamental, é desejável investir em práticas que concorram
para que os estudantes desenvolvam progressivamente competências e habilidades
relativas à autoria e ao protagonismo, inclusive em relação a escolhas, desde a
Educação Infantil. Para tanto, trata--se de intencionalmente, ampliar e
diversificar as situações nas quais os estudantes possam, por exemplo, propor
atividades e projetos, participar da definição de organização do espaço e dos tempos
escolares.
Ressalte-se, ainda,
que o Projeto de Vida a ser construído pelos estudantes tenha a necessária
flexibilidade, conectando-se sempre com a vivência e a história de vida do
aluno, além de se referir a aspectos que não se limitem exclusivamente ao
âmbito do estudo e do trabalho. É desejável, portanto, que o Projeto de Vida
possa se articular a expectativas mais amplas, como, por exemplo, as que dizem
respeito à adoção de estilos de vida, posturas e hábitos saudáveis,
sustentáveis e éticos.
Assim como o
desenvolvimento de competências socioemocionais deve dar-se integradamente ao
desenvolvimento das competências cognitivas, é necessário que a construção do
Projeto de Vida dos estudantes seja apoiado pelo conjunto de práticas escolares
nos diferentes componentes curriculares. O Currículo Paulista reforça também a
necessidade de que os estudantes desenvolvam a Competência 5 da BNCC, que se
refere à tecnologia digital: “Compreender, utilizar e criar tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva
e ética nas diversas práticas sociais(incluindo as escolares) para se comunicar,
acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e
exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva”.
Para tanto, o
Currículo Paulista define que é necessário que os estudantes possam desenvolver
as seguintes habilidades:
• buscar dados e
informações de forma crítica nas diferentes mídias, inclusive as sociais,
analisando as vantagens do uso e da evolução da tecnologia na sociedade atual,
como também seus riscos potenciais;
• apropriar-se das
linguagens da cultura digital, dos novos letramentos e dos multiletramentos
para explorar e produzir conteúdo em diversas mídias, ampliando as
possibilidades de acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho;
• usar diversas
ferramentas de software e aplicativos para compreender e produzir conteúdo em
diversas mídias, simular fenômenos e processos das diferentes áreas do
conhecimento, e elaborar e explorar diversos registros de representação matemática;
e
• utilizar, propor
e/ou implementar soluções (processos e produtos) envolvendo diferentes
tecnologias para identificar, analisar, modelar e solucionar problemas
complexos em diversas áreas da vida cotidiana, explorando de forma efetiva o
raciocínio lógico, o pensamento computacional, o espírito de investigação e a
criatividade.
O último fundamento
pedagógico do Currículo Paulista diz respeito à avaliação de alunos,
atendendo-se ao disposto na Deliberação CEE 155/2017: a avaliação deve ser
encarada como um recurso pedagógico que permite aos professores, gestores e demais
profissionais da educação, acompanhar a progressão das aprendizagens,
oferecendo subsídios para a análise do próprio processo de ensino. Dessa
maneira, os resultados dos processos avaliativos devem concorrer para que todos
os estudantes avancem em suas aprendizagens e para que os professores façam eventuais
ajustes em suas práticas para garantir a qualidade dessas aprendizagens.
Portanto, a avaliação
formativa deve permear o processo do ensino e da aprendizagem, oferecendo
subsídios para a revisão do Projeto Pedagógico da escola, em especial das
práticas pedagógicas, a partir do acompanhamento do processo integral do
desenvolvimento de cada estudante, inclusive dos que apresentam necessidades
especiais, a tempo de assegurar a todos as competências gerais ao final da
Educação Básica. É necessário ter clareza que o processo avaliativo deve ser
referenciado nas aprendizagens definidas no Currículo Paulista, em anexo a esta
Indicação. Na Educação Infantil, a avaliação deve ser realizada por meio de
observações e dos mais diversos registros, conforme a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional, na seção 11, artigo 31, que diz “ [ ] a avaliação far-se-á mediante o
acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental”. Como exemplo de registros podemos
citar os relatórios, fotografias, filmagens, produções infantis, diários,
portfólios, murais, entre outros. Caso os alunos apresentem dificuldades
especiais, esses registros são ainda mais importantes, principalmente/sobretudo
para o prosseguimento de seus estudos. No Ensino Fundamental, a avaliação pode
ser realizada a partir da utilização de outras estratégias, como, por exemplo, da
observação direta, dos exercícios, das provas, da realização de pesquisas,
entre tantas outras, que acompanhem de forma processual a aprendizagem do
estudante e que possibilitem a reflexão sobre as práticas planejadas pelos
professores.
V. AS ETAPAS DO
CURRÍCULO PAULISTA
O Currículo Paulista
apresenta os fundamentos teórico--metodológicos e as aprendizagens que devem
ser asseguradas aos estudantes nas duas primeiras etapas da Educação Básica: a Educação
Infantil e o Ensino Fundamental
A. Educação Infantil
Nessa etapa, a
aprendizagem e o desenvolvimento têm como eixos estruturantes as interações e a
brincadeira, que devem garantir às crianças o direito de conviver, brincar,
participar, explorar, expressar e conhecer-se.
O Currículo Paulista
define objetivos de aprendizagem e desenvolvimento contextualizados em cinco
Campos de Experiências - os mesmos definidos na BNCC:
- O Eu, o outro e o
nós: são privilegiadas as experiências de interação, para que as crianças
possam construir, ampliar apercepção de si, do outro e do grupo, por meio das
relações que estabelecem com seus pares e adultos, de forma a que descubram o
seu modo de ser, estar e agir no mundo, e aprendam, reconhecer e respeitar as
identidades dos outros.
- Corpo, gestos e
movimentos: as experiências com o corpo, gestos e movimentos devem promover a
validação da linguagem corporal dos bebês e das crianças e potencializar suas formas
de expressão, aprimorando a percepção do próprio corpo e ampliando o
conhecimento de si e do mundo.
- Traços, sons, cores
e formas: as experiências potencializam a criatividade, o senso estético, o
senso crítico e a autoria das crianças ao construírem, criarem e desenharem
usando diferentes materiais plásticos e/ou gráficos. Investe-se, ainda, no desenvolvimento
da expressividade e da sensibilidade, por meio da vivência de diferentes sons,
ritmos, músicas e demais movimentos artísticos próprios da sua e de outras
culturas.
- Escuta, fala,
pensamento e imaginação: as experiências nesse campo respondem aos interesses
das crianças com relação à forma verbal e gráfica de comunicação como meios de
expressão de ideias, sentimentos e imaginação. Propõe-se, ainda, vivências
relacionadas aos contextos sociais e culturais de letramento (conversas, escuta
de histórias lidas ou contadas, manuseio de livros e outros suportes de escrita,
produção de textos orais e/ou escritos com apoio, escrita espontânea, etc.).
- Espaços, tempos,
quantidades, relações e transformações:
as experiências
atendem a curiosidade dos bebês e das crianças em descobrir o sentido do mundo
e das coisas, por meio de propostas com as quais possam testar, experimentar,
levantar hipóteses, estimar, contar, medir, comparar, constatar, deslocar, dentre
outros.
Os objetivos de
aprendizagem são organizados em três faixas etárias: de zero a 1 ano e 6 meses;
de 1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses; e de 4 a 5 anos e 11 meses.
B. Ensino Fundamental
Nessa etapa, são
definidas as aprendizagens que devem ser garantidas a todos os estudantes,
explicitando-se as competências e as habilidades a serem desenvolvidas ao longo
dos 9anos de escolaridade.
São destacadas as
especificidades dos Anos Iniciais e dos Anos Finais do Ensino Fundamental, bem
como os procedimentos que devem ser observados para permitir a transição bem sucedida da Educação Infantil para o 1º ano do Ensino
Fundamental e do 5º para o 6º ano desta mesma etapa.
As aprendizagens que
devem ser garantidas aos alunos são organizadas em áreas do conhecimento
(Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Ciências Humanas e Ensino
Religioso), obedecidas as determinações da legislação vigente, inclusive as da
BNCC.
O Currículo Paulista
define as seguintes competências específicas para os componentes do Ensino
Fundamental:
Área de Linguagens
Língua Portuguesa
1. Compreender a
língua como fenômeno cultural, histórico, social, variável, heterogêneo e
sensível aos contextos de uso, reconhecendo-a como meio de construção de identidades
de seus usuários e da comunidade a que pertencem.
2. Apropriar-se da
linguagem escrita, reconhecendo-a como forma de interação nos diferentes campos
de atuação da vida social e utilizando-a para ampliar suas possibilidades de
participar da cultura letrada, de construir conhecimentos (inclusive escolares)
e de se envolver com maior autonomia e protagonismo na vida social.
3. Ler, escutar e
produzir textos orais, escritos e multissemióticos
que circulam em diferentes campos de atuação e mídias, com compreensão,
autonomia, fluência e criticidade, de modo a se expressar e partilhar
informações, experiências, ideias e sentimentos, e continuar aprendendo.
4. Compreender o
fenômeno da variação linguística, demonstrando atitude respeitosa diante de
variedades linguísticas e rejeitando preconceitos linguísticos.
5. Empregar, nas
interações sociais, a variedade e o estilo de linguagem adequados à situação
comunicativa, ao(s)interlocutor(es) e ao gênero do discurso/gênero textual.
6. Analisar
informações, argumentos e opiniões manifestados em interações sociais e nos
meios de comunicação, posicionando-se ética e criticamente em relação a
conteúdos discriminatórios que ferem direitos humanos e ambientais.
7. Reconhecer o texto
como lugar de manifestação e negociação de sentidos, valores e ideologias.
8. Selecionar textos
e livros para leitura integral, de acordo com objetivos, interesses e projetos
pessoais (estudo, formação pessoal, entretenimento, pesquisa, trabalho etc.).
9. Envolver-se em
práticas de leitura literária que possibilitem o desenvolvimento do senso
estético para fruição, valorizando a literatura e outras manifestações
artístico-culturais como formas de acesso às dimensões lúdicas, de imaginário e
encantamento, reconhecendo o potencial transformador e humanizador da
experiência com a literatura.
10. Mobilizar
práticas da cultura digital, diferentes linguagens, mídias e ferramentas
digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos processos de
compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar
diferentes projetos autorais.
Arte
1. Explorar,
conhecer, fruir e analisar criticamente práticas e produções artísticas e
culturais do seu entorno social, dos povos indígenas, das comunidades
tradicionais brasileiras e de diversas sociedades, em distintos tempos e
espaços, para reconhecer a arte como um fenômeno cultural, histórico, social e
sensível a diferentes contextos e dialogar com as diversidades.
2. Compreender as
relações entre as linguagens da Arte e suas práticas integradas, inclusive
aquelas possibilitadas pelo uso das novas tecnologias de informação e
comunicação, pelo cinema e pelo audiovisual, nas condições particulares de produção,
na prática de cada linguagem e nas suas articulações.
3. Pesquisar e
conhecer distintas matrizes estéticas e culturais - especialmente aquelas
manifestas na arte e nas culturas que constituem a identidade brasileira -, sua
tradição e manifestações contemporâneas, reelaborando-as nas criações em Arte.
4. Experenciar a
ludicidade, a percepção, a expressividade e a imaginação, ressignificando
espaços da escola e de fora dela no âmbito da Arte.
5. Mobilizar recursos
tecnológicos como formas de registro, pesquisa e criação artística.
6. Estabelecer
relações entre arte, mídia, mercado e consumo, compreendendo, de forma crítica
e problematizadora, modos de produção e de circulação da arte na sociedade.
7. Problematizar
questões políticas, sociais, econômicas, científicas, tecnológicas e culturais,
por meio de exercícios, produções, intervenções e apresentações artísticas.
8. Desenvolver a
autonomia, a crítica, a autoria e o trabalho coletivo e colaborativo nas artes.
9. Analisar e
valorizar o patrimônio artístico nacional e internacional, material e
imaterial, com suas histórias e diferentes visões de mundo.
Educação Física
1. Compreender a
origem da cultura corporal de movimento e seus vínculos com a organização da
vida coletiva e individual.
2. Planejar e
empregar estratégias para resolver desafios e aumentar as possibilidades de
aprendizagem das práticas corporais, além de se envolver no processo de
ampliação do acervo cultural nesse campo.
3. Refletir
criticamente sobre as relações entre a realização das práticas corporais e
qualidade de vida, inclusive no contexto das atividades laborais.
4. Identificar a
multiplicidade de padrões de desempenho, saúde, beleza e estética corporal,
analisando, criticamente, os modelos disseminados na mídia e discutindo
posturas consumistas e preconceituosas.
5. Identificar as
formas de produção dos preconceitos, compreendendo seus efeitos e combatendo
posicionamentos discriminatórios em relação às práticas corporais e aos seus participantes.
6. Interpretar e
recriar os valores, os sentidos e os significados atribuídos às diferentes
práticas corporais, bem como aos sujeitos que delas participam.
7. Reconhecer as
práticas corporais como elementos constitutivos da identidade cultural de povos
e grupos.
8. Usufruir das
práticas corporais de forma autônoma para potencializar o envolvimento em
contextos de lazer, ampliar as redes de sociabilidade e a promoção da saúde;
9. Reconhecer o
acesso às práticas corporais como direito do cidadão, propondo e produzindo
alternativas para sua realização no contexto comunitário, quando no tratamento pedagógico
da habilidade.
10. Experimentar,
desfrutar, apreciar e criar diferentes brincadeiras, jogos, danças, ginásticas,
esportes, lutas e práticas corporais de aventura, valorizando o trabalho
coletivo e o protagonismo.
Língua Inglesa
1. Identificar o
lugar de si e o do outro em um mundo plurilíngue e multicultural, refletindo,
criticamente, sobre como a aprendizagem da língua inglesa contribui para a
inserção dos sujeitos no mundo globalizado, inclusive no que concerne ao mundo
do trabalho.
2. Comunicar-se na
língua inglesa, por meio do uso variado de linguagens em mídias impressas ou
digitais, reconhecendo--a como ferramenta de acesso ao conhecimento, de
ampliação das perspectivas e de possibilidades para a compreensão dos valores e
interesses de outras culturas e para o exercício do protagonismo social.
3. Identificar
similaridades e diferenças entre a língua inglesa e a língua materna/outras
línguas, articulando-as a aspectos sociais, culturais e identitários, em uma
relação intrínseca entre língua, cultura e identidade.
4. Elaborar
repertórios linguístico-discursivos da língua inglesa, usados em diferentes
países e por grupos sociais distintos dentro de um mesmo país, de modo a
reconhecer adversidade linguística como direito e valorizar os usos
heterogêneos, híbridos e multimodais emergentes nas sociedades contemporâneas.
5. Utilizar novas
tecnologias, com novas linguagens e modos de interação, para pesquisar,
selecionar, compartilhar, posicionar-se e produzir sentidos em práticas de
letramento na língua inglesa, de forma ética, crítica e responsável.
6. Conhecer
diferentes patrimônios culturais, materiais e imateriais, difundidos na língua
inglesa, com vistas ao exercício da fruição e da ampliação de perspectivas no
contato com diferentes manifestações artístico-culturais.
Área de Matemática
1. Reconhecer que a
Matemática é uma ciência humana, fruto das necessidades e preocupações de
diferentes culturas, em diferentes momentos históricos, e é uma ciência viva,
que contribui para solucionar problemas científicos e tecnológicos e para
alicerçar descobertas e construções, inclusive com impactos no mundo do trabalho.
2. Desenvolver o
raciocínio lógico, o espírito de investigação e a capacidade de produzir
argumentos convincentes, recorrendo aos conhecimentos matemáticos para
compreender e atuar no mundo.
3. Compreender as
relações entre conceitos e procedimentos dos diferentes campos da Matemática
(Aritmética, Álgebra, Geometria, Estatística e Probabilidade) e de outras áreas
do conhecimento, sentindo segurança quanto à própria capacidade de construir e
aplicar conhecimentos matemáticos, desenvolvendo a autoestima e a perseverança
na busca de soluções.
4. Fazer observações
sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos presentes nas práticas
sociais e culturais, de modo a investigar, organizar, representar e comunicar
informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo
argumentos convincentes.
5.Utilizar processos
e ferramentas matemáticas, inclusive tecnologias digitais disponíveis, para
modelar e resolver problemas cotidianos, sociais e de outras áreas de
conhecimento, validando estratégias e resultados.
6. Enfrentar
situações-problema em múltiplos contextos, incluindo-se situações imaginadas,
não diretamente relacionadas com o aspecto prático-utilitário, expressar suas
respostas e sintetizar conclusões, utilizando diferentes registros e linguagens
(gráficos, tabelas, esquemas, além de texto escrito na língua materna e outras
linguagens para descrever algoritmos, como fluxogramas, e dados).
7. Desenvolver e/ou
discutir projetos que abordem, sobretudo, questões de urgência social, com base
em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários, valorizando a diversidade
de opiniões de indivíduos e de grupos sociais, sempre conceito de qualquer
natureza.
8. Interagir com seus
pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente no planejamento e
desenvolvimento de pesquisas para responder a questionamentos e na busca de soluções
para problemas, de modo a identificar aspectos consensuais ou não na discussão
de uma determinada questão, respeitando o modo de pensar dos colegas e
aprendendo com eles.
Área de Ciências da
Natureza
1. Compreender as
Ciências da Natureza como empreendimento humano, e o conhecimento científico
como provisório, cultural e histórico.
2. Compreender
conceitos fundamentais e estruturas explicativas das Ciências da Natureza, bem
como dominar processos, práticas e procedimentos da investigação científica, de
modo a sentir segurança no debate de questões científicas, tecnológicas, socioambientais
e do mundo do trabalho, continuar aprendendo e colaborar para a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva.
3. Analisar,
compreender e explicar características, fenômenos e processos relativos ao
mundo natural, social e tecnológico (incluindo o digital), como também as
relações que se estabelecem entre eles, exercitando a curiosidade para fazer
perguntas, buscar respostas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base
nos conhecimentos das Ciências da Natureza.
4. Avaliar aplicações
e implicações políticas, socioambientais e culturais da ciência e de suas
tecnologias para propor alternativas aos desafios do mundo contemporâneo,
incluindo aqueles relativos ao mundo do trabalho.
5. Construir
argumentos com base em dados, evidências e informações confiáveis e negociar e
defender ideias e pontos de vista que promovam a consciência socioambiental e o
respeito a si próprio e ao outro, acolhendo e valorizando a diversidade de
indivíduos e de grupos sociais, sem preconceitos de qualquer natureza.
6. Utilizar
diferentes linguagens e tecnologias digitais de informação e comunicação para
se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos e
resolver problemas das Ciências da Natureza de forma crítica, significativa, reflexiva
e ética.
7. Conhecer, apreciar
e cuidar de si, do seu corpo e bem-estar, compreendendo-se na diversidade
humana, fazendo-se respeitar e respeitando o outro, recorrendo aos
conhecimentos das Ciências da Natureza e às suas tecnologias.
8. Agir pessoal e coletivamente
com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e
determinação, recorrendo aos conhecimentos das Ciências da Natureza para tomar decisões
frente a questões científico-tecnológicas e socioambientais e a respeito da
saúde individual e coletiva, com base em princípios éticos, democráticos,
sustentáveis e solidários.
Área de Ciências
Humanas
Geografia
1. Utilizar os
conhecimentos geográficos para entender a interação sociedade/ natureza e
exercitar o interesse e o espírito de investigação e de resolução de problemas;
2. Estabelecer
conexões entre diferentes temas do conhecimento geográfico, reconhecendo a
importância dos objetos técnicos para a compreensão das formas como os seres
humanos fazem uso dos recursos da natureza ao longo da história;
3. Desenvolver
autonomia e senso crítico para compreensão e aplicação do raciocínio geográfico
na análise da ocupação humana e produção do espaço, envolvendo os princípios de
analogia, conexão, diferenciação, distribuição, extensão, localização e ordem;
4. Desenvolver o
pensamento espacial, fazendo uso das linguagens cartográficas e iconográficas,
de diferentes gêneros textuais e das geotecnologias para a resolução de
problemas que envolvam informações geográficas;
5. Desenvolver e
utilizar processos, práticas e procedimentos de investigação para compreender o
mundo natural, social, econômico, político e o meio técnico-científico e
informacional, avaliar ações e propor perguntas e soluções (inclusive
tecnológicas) para questões que requerem conhecimentos científicos da
Geografia;
6. Construir
argumentos com base em informações geográficas, debater e defender ideias e
pontos de vista que respeitem e promovam a consciência socioambiental e o
respeito à biodiversidade e ao outro, sem preconceitos de qualquer natureza;
7. Agir pessoal e
coletivamente com respeito, autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, propondo ações sobre as questões socioambientais, com
base em princípios éticos, democráticos, sustentáveis e solidários.
História
1. Compreender
acontecimentos históricos, relações de poder e processos e mecanismos de
transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e
culturais ao longo do tempo e em diferentes espaços para analisar, posicionar-se
e intervir no mundo contemporâneo.
2. Compreender a
historicidade no tempo e no espaço, relacionando acontecimentos e processos de
transformação e manutenção das estruturas sociais, políticas, econômicas e culturais,
bem como problematizar os significados das lógicas de organização cronológica.
3. Elaborar questionamentos,
hipóteses, argumentos e proposições em relação a documentos, interpretações e
contextos históricos específicos, recorrendo a diferentes linguagens e mídias,
exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos, a cooperação e o
respeito.
4.Identificar
interpretações que expressam visões de diferentes sujeitos, culturas e povos
com relação a um mesmo contexto histórico, e posicionar-se criticamente com
base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
5.Analisar e
compreender o movimento de populações e mercadorias no tempo e no espaço e seus
significados históricos, levando em conta o respeito e a solidariedade com as
diferentes populações.
6. Compreender e
problematizar os conceitos e procedimentos da produção historiográfica.
7. Produzir, avaliar
e utilizar tecnologias digitais de informação e comunicação, posicionando-se de
modo crítico, ético e responsável, compreendendo seus significados para os
diferentes grupos ou estratos sociais.
8. Compreender a
história e a cultura africana, afro-brasileira, imigrante e indígena, bem como
suas contribuições para
o desenvolvimento
social, cultural, econômico, científico, tecnológico e político e tratar com
equidade as diferentes culturas.
9. Compreender,
identificar e respeitar as diversidades e os movimentos sociais, contribuindo
para a formação de uma sociedade igualitária, empática, que preze pelos valores
da convivência humana e que garanta direitos.
Área de Ensino
Religioso
1. Conhecer os
aspectos estruturantes das diferentes tradições/movimentos religiosos e
filosofias de vida a partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos
e éticos.
2. Compreender,
valorizar e respeitar as manifestações religiosas e filosofias de vida, suas
experiências e saberes, em diferentes tempos, espaços e territórios.
3. Reconhecer e
cuidar de si, do outro, da
coletividade e da natureza, enquanto expressão de valor da vida.
4. Conviver com a
diversidade de crenças, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
5. Analisar as relações
entre as tradições religiosas e os campos da cultura, da política, da economia,
da saúde, da ciência, da tecnologia e do meio ambiente.
6. Debater,
problematizar e posicionar-se frente aos discursos e práticas de intolerância,
discriminação e violência de cunho religioso, de modo a assegurar os direitos
humanos no constante exercício da cidadania e da cultura de paz.
VI. RECOMENDAÇÕES
Concluído o processo
de discussão e análise do Currículo Paulista e tendo em vista que sua
implementação é um processo que deve envolver Estado e Municípios, Iniciativa
Privada, Gestores e Professores, em diversas frentes - na revisão dos
currículos locais e dos projetos pedagógicos das escolas, na reelaboração e/ou
produção dos materiais didáticos, na formação continuada e inicial dos
professores, no alinhamento das avaliações, no acompanhamento do aprendizado
dos alunos e no ajuste dos calendários escolares
-, a Comissão
Especial constituída pela Portaria CEE/GP 24 recomenda que:
- a Secretaria de
Estado da Educação (SEDUC) promova ações, em regime de colaboração com a
UNDIME/SP e a UNCME/SP, para apoio, acompanhamento e avaliação da implementação
do Currículo Paulista, na etapa da Educação Infantil e do Ensino Fundamental;
- a Secretaria de
Estado da Educação (SEDUC) institua Comissão para acompanhar a implementação do
Currículo Paulista e, quando necessário, proceder à revisão do referido Currículo;
- as Matrizes do
Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) e as
Matrizes de Avaliação Formativa sejam adequadas ao Currículo Paulista, no prazo
de 1ano, a partir de 2019;
- as Propostas
Pedagógicas das instituições de ensino sejam adequadas ao Currículo Paulista no
prazo de um ano, a partir de 2019, respeitada a autonomia que lhes é conferida
por lei;
- as Propostas
Pedagógicas das instituições de ensino contemplem as diferentes modalidades de
ensino, observadas as especificidades locais e regionais, em conformidade ao Currículo
Paulista;
- a formação
continuada de professores no sistema de ensino possa garantir a esses
profissionais a apropriação dos conteúdos e orientações definidos no Currículo
Paulista, para enriquecimento de sua prática pedagógica e das aprendizagens de
todos os estudantes;
- a formação
continuada de diretores, coordenadores pedagógicos, supervisores de ensino,
dentre outros, no sistema de ensino, possa garantir que esses profissionais se
apropriem dos conteúdos e orientações definidos no Currículo Paulista, além de
discutir as implicações dessas orientações na organização de espaços e tempos
mais adequados para o desenvolvimento das aprendizagens previstas para todos os
estudantes;
- as Instituições de
Ensino Superior, responsáveis pela formação inicial e continuada de docentes
para a Educação Infantil e o Ensino fundamental garantam nos planos de curso e
bibliografias dos cursos de Licenciatura, a inserção dos conteúdos do Currículo
Paulista, bem como espaço para discussão e apropriação dos mesmos pelos alunos,
com vistas a fundamentar e orientar a organização do trabalho em sala de aula e
na escola desses futuros profissionais da educação
VII. CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Segundo o exposto nos
itens anteriores, essa Comissão Especial julga que o “Currículo Paulista” para
o Estado de São Paulo atende às definições da BNCC e contempla as aprendizagens
essenciais, que devem ser garantidas aos estudantes matriculados em todas as
instituições de ensino (públicas e privadas), no âmbito do Sistema de Ensino do
Estado de São Paulo. O documento explicita os fundamentos pedagógicos que devem
orientar o seu processo de implementação, coerentes com a natureza e o conteúdo
explicitado das dez competências gerais da BNCC, bem como habilidades que
respondem a demandas específicas do Estado de São Paulo.
Dessa maneira, a
Comissão Especial manifesta-se favorável à proposta de implementação do
Currículo Paulista nas etapas de Educação Infantil e de Ensino Fundamental, no
âmbito do Sistema de Ensino do Estado de São Paulo.
VIII. CONCLUSÃO
Diante do exposto e
com base nas orientações de redação final, recomendações e normas para orientar
a implementação do CURRÍCULO da Educação Infantil e do Ensino Fundamental para
o Sistema de Ensino do Estado de São Paulo, apresentamos anexo o Projeto de
Deliberação ao Conselho Pleno para aprovação.
São Paulo,19-06-2019.
a) Consª Ghisleine Trigo Silveira Relatora
a) Consª Ana Teresa Gavião Almeida Marques Mariotti
Relatora
a) Consª Rose Neubauer
Relatora
DELIBERAÇÃO PLENÁRIA
O CONSELHO ESTADUAL
DE EDUCAÇÃO aprova, por unanimidade, a presente Indicação.
Sala “Carlos Pasquale”,
em 19-06-2019.
Cons. Hubert Alquéres
Presidente
INDICAÇÃO CEE 179/19
- Publicada no D.O. em 20-06-2019 - Seção I - Página 24
O Anexo a que se
refere ao Artigo 1º da Deliberação CEE 169/2019 encontra-se disponível no site
www.ceesp.sp.gov.br.
(Publicada novamente
por ter saído incompleta)