Resolução SE 53, de 2-10-2014
Dispõe sobre a reorganização do
Ensino Fundamental em Regime de Progressão Continuada e sobre os Mecanismos de
Apoio Escolar aos alunos dos Ensinos Fundamental e Médio das escolas estaduais.
O Secretário da Educação, à vista do que lhe representou a Coordenadoria
de Gestão da Educação Básica e considerando que:
- a melhoria da qualidade da educação básica somente se consolida
mediante o desenvolvimento de um ensino que assegure efetiva aprendizagem ao
aluno;
- o atual contexto e os resultados das avaliações externas, alcançados
pelas escolas da rede pública estadual, indicam a necessidade de se dar
continuidade ao redimensionamento dos ciclos do Ensino Fundamental, com flexibilização dos tempos de aprendizagem e diversificação
dos mecanismos de apoio;
- é de pleno direito do aluno a apropriação do currículo escolar,
de forma contínua e exitosa, subsidiada por tempos de aprendizagem e mecanismos
de apoio adequados,
Resolve:
Artigo 1º - O Ensino Fundamental, em Regime de Progressão Continuada,
reorganizado em 3 (três) Ciclos de Aprendizagem, com
duração de 3 (três) anos cada, oferecido nas escolas estaduais, terá seu
funcionamento regido pelo que dispõe a presente resolução.
Parágrafo único – A reorganização do ensino em três Ciclos de
Aprendizagem, a que se refere o caput deste artigo, visa a propiciar condições
pedagógicas para que crianças e adolescentes obtenham mais oportunidades de ser
eficazmente atendidos em suas necessidades, viabilizando-lhes tempos de
aprendizagem adaptados a suas características individuais.
Artigo 2º – Na reorganização do ensino, de que trata esta resolução,
as equipes escolares deverão proceder ao acompanhamento e avaliação contínuos
do desempenho do aluno, com intervenção pedagógica imediata, sempre que
necessário, e, quando for o caso, com encaminhamento do educando para estudos
de reforço, recuperação e aprofundamento curricular, dentro e/ou fora do seu
horário regular de aulas.
Artigo 3º - A reorganização do ensino por Ciclos de Aprendizagem se
propõe a:
I - assegurar condições de aprendizagem, segundo o critério de flexibilização do tempo necessário ao aprendizado, no
desenvolvimento gradativo e articulado dos diferentes conteúdos que compõem o
currículo do Ensino Fundamental;
II - evidenciar a importância que a flexibilização
do tempo representa para a organização do ensino e para a efetivação de aprendizagens
contínuas e progressivas de todos os alunos, de forma geral, e de cada um, em
particular;
III - garantir ao aluno um ensino que, a partir de seus
conhecimentos prévios, implemente novos conteúdos
curriculares, visando às aprendizagens previstas para cada ano de cada Ciclo do
Ensino Fundamental;
IV - subsidiar gestores e professores no agrupamento de alunos, na
constituição de classes e na organização dos processos de ensino,
acompanhamento e avaliação contínua da aprendizagem;
V - ressaltar a importância de intervenções pedagógicas, com ações
de reforço, recuperação e aprofundamento curricular, como mecanismos
indispensáveis à obtenção de bons resultados de aprendizagem;
VI - fornecer a pais e/ou responsáveis parâmetros e orientações que
viabilizem e estimulem o monitoramento do processo de aprendizagem do aluno.
Artigo 4º - Os Ciclos de Aprendizagem, compreendidos como espaços
temporais interdependentes e articulados entre si, definem-se ao longo dos nove
anos do Ensino Fundamental, na seguinte conformidade:
I - Ciclo de Alfabetização, do 1º ao 3º ano;
II - Ciclo Intermediário, do 4º ao 6º ano;
III - Ciclo Final, do 7º ao 9º ano.
5º - O Ciclo de Alfabetização (1º ao 3º ano) tem como finalidade
propiciar aos alunos a alfabetização, o letramento as diversas formas de
expressão e de iniciação ao aprendizado de Matemática, Ciências, História e
Geografia, de modo a capacitá-los, até o final deste Ciclo, a fazer uso da
leitura, da linguagem escrita e das diversas linguagens utilizadas nas diferentes
situações de vida, dentro e fora do ambiente escolar.
§ 1º – Ao final do 3º ano, o aluno que não se apropriar das competências
e habilidades previstas para o Ciclo de Alfabetização, de que trata o caput
deste artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em uma classe de
recuperação intensiva.
§ 2º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término de
quatro anos de estudos no Ciclo de Alfabetização, deverá continuar sua
aprendizagem no Ciclo Intermediário.
Artigo 6º - O Ciclo Intermediário (4º ao 6º ano) tem como finalidade
assegurar aos alunos a continuidade e o aprofundamento das competências
leitora e escritora, com ênfase na organização e produção escrita, em
consonância com a norma padrão, nas diferentes áreas de conhecimento.
§ 1º – No 4º e no 5º anos do Ciclo Intermediário, o ensino será
desenvolvido, predominantemente, por professor regente de classe e, a partir do
6º ano, por professores especialistas nas diferentes disciplinas do currículo.
§ 2º – Caberá à equipe gestora e aos professores que atuam no
Ciclo Intermediário promover condições pedagógicas que assegurem aprendizagens
necessárias à transição do ensino desenvolvido por professor regente de classe
e do desenvolvido por docentes especialistas.
§ 3º – Ao final do 6º ano, o aluno que não se apropriar das competências
e habilidades previstas para o Ciclo Intermediário, de que trata o caput deste
artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em uma classe de
recuperação intensiva.
§ 4º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término de
quatro anos de estudos no Ciclo Intermediário, deverá continuar sua
aprendizagem no Ciclo Final.
Artigo 7º - O Ciclo Final (do 7º ao 9º ano) tem como finalidade assegurar
a consolidação das aprendizagens previstas para este Ciclo, contemplando todo o
currículo escolar estabelecido para o Ensino Fundamental.
§ 1º - Os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, promovidos em
regime de progressão parcial, com pendência em até 3
(três) disciplinas, poderão iniciar a 1ª série do Ensino Médio, desde que
tenham condições de se apropriar, concomitantemente, dos conteúdos das
disciplinas pendentes do Ensino Fundamental e das disciplinas da 1ª série do
Ensino Médio.
§ 2º - Ao final do 9º ano, o aluno que não se apropriar das
competências e habilidades previstas para o Ciclo Final, na forma a que se
refere o caput deste artigo, deverá permanecer por mais um ano neste Ciclo, em
uma classe de recuperação intensiva.
§ 3º - O aluno a que se refere o parágrafo anterior, ao término de
quatro anos de estudos no Ciclo Final, deverá concluir o Ensino Fundamental.
Artigo 8º - O processo de consolidação de aprendizagens no Ensino
Fundamental, em Regime de Progressão Continuada, a que se refere o caput do
artigo 7º desta resolução, deverá assegurar o acompanhamento e avaliação
contínuos e sistemáticos do ensino e do desempenho do aluno, a fim de apontar a
necessidade, ou não, de intervenções pedagógicas, na forma de estudos de
reforço e/ou recuperação, dentro ou fora do horário regular de aulas do aluno.
Parágrafo único - O acompanhamento e a avaliação das aprendizagens
de cada aluno devem ser concomitantes ao processo de ensino e aprendizagem, e
sistematizados periodicamente por professores e gestores que integram os
Conselhos de Classe/Ano/Série e Ciclo, realizados, respectivamente, ao final do
bimestre, do ano/série e do ciclo.
Artigo 9º - Caberá à equipe escolar identificar os alunos do
Ensino Fundamental e do Ensino Médio que necessitem de mecanismos de apoio no
processo de ensino e aprendizagem, para concluir seus estudos dentro do tempo
regular previsto na legislação pertinente.
Parágrafo único - Os mecanismos de apoio utilizados no processo de
ensino e aprendizagem, a que se refere o caput deste artigo, distinguem-se
pelos momentos em que são oferecidos e pelas metodologias utilizadas em seu
desenvolvimento, caracterizando-se basicamente como estudos de Recuperação Contínua
e de Recuperação Intensiva, assim definidas:
1 - Recuperação Contínua: ação de intervenção imediata, a ocorrer
durante as aulas regulares, nas classes de Ensino Fundamental ou Médio, e que é
voltada para as dificuldades específicas do aluno, abrangendo não só os
conceitos, mas também as habilidades, procedimentos e atitudes, sendo
desenvolvida pelo próprio professor da classe ou da disciplina, com apoio do Professor
Auxiliar, quando necessário;
2 – Recuperação Intensiva: a oportunidade de estudos que
possibilita ao aluno compor classe cujo professor desenvolverá atividades de
ensino específicas e diferenciadas, que lhe permitirão trabalhar os conceitos
básicos necessários a seu prosseguimento de estudos.
Artigo 10 - O Professor Auxiliar, a que se refere o item 1 do parágrafo único do artigo 9º desta resolução, terá como
função precípua apoiar o professor da classe ou da disciplina no desenvolvimento
de atividades de ensino e de aprendizagem, em especial, as de recuperação
contínua, oferecidas a alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, visando
à superação de dificuldades e necessidades identificadas em seu percurso escolar.
§ 1º - A atuação do Professor Auxiliar ocorrerá, ouvido o
professor da classe ou da disciplina, simultaneamente às atividades
desenvolvidas no horário regular de aulas, mediante atendimento individualizado
ou em grupo de alunos, podendo, em casos excepcionais e de comprovada
necessidade, vir a ocorrer em período diverso ao das aulas regulares.
§ 2º - O Professor Auxiliar poderá atuar somente em classes que
totalizem, no mínimo, 25 (vinte e cinco) alunos, nos anos iniciais e finais do
Ensino Fundamental, e 30 (trinta) alunos, no Ensino Médio.
§3º - Excepcionalmente, o Professor Auxiliar poderá atuar em uma
das classes regulares de, no mínimo, 20 (vinte) alunos, desde que dela conste
matrícula do público-alvo da Educação Especial, cuja necessidade tenha sido
avaliada pela Equipe de Educação Especial da Diretoria de Ensino, excetuando-se
dessa possibilidade as Salas de Recursos e as Classes Regidas por Professor
Especializado.
§ 4º - O Professor Auxiliar poderá atuar, em classe do 1º ao 5º
ano, com até 10 (dez) aulas semanais e pelo tempo que se faça necessário à
superação das dificuldades dos alunos.
Artigo 11 - Cada classe do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e
das 3 (três) séries do Ensino Médio poderá contar com até
3 (três) Professores Auxiliares, respeitada a compatibilidade e pertinência
entre a natureza da disciplina e a área de formação acadêmica desses
professores, que atuarão, no decorrer do ano letivo, em apoio pedagógico aos
alunos, bem como ao docente da disciplina, na organização, desenvolvimento e
avaliação das atividades de ensino e de aprendizagem, em especial as de recuperação
contínua.
§ 1º - As atividades de apoio fornecidas por Professor Auxiliar,
para alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e das séries do Ensino Médio
que apresentem resultados insatisfatórios de aprendizagem, poderão ser
desenvolvidas em até 3 (três) aulas semanais por
classe e no horário regular de aulas, de acordo com o diagnóstico das
necessidades, expectativas e prioridades identificadas pelos professores das
diferentes disciplinas da classe e pela equipe gestora da unidade escolar.
§ 2º - As 3 (três) aulas semanais por
classe poderão ser distribuídas entre até 3 (três) disciplinas, com
possibilidade de alternância periódica das demais disciplinas do currículo,
atendendo ao que indicar o diagnóstico de que trata o parágrafo anterior.
Artigo 12 - As aulas relativas às atividades de apoio escolar, fornecido
pelo Professor Auxiliar, serão atribuídas a docentes devidamente habilitados/qualificados e inscritos no processo anual de
atribuição de classes e aulas, observados os respectivos campos de atuação e na
seguinte ordem de prioridade das situações funcionais:
I - docente titular de cargo, que se encontre na situação de adido,
sem descaracterizar essa condição, ou a título de carga suplementar de
trabalho;
II - docente ocupante de função-atividade, na composição ou
complementação de sua carga horária de trabalho;
III - candidatos à contratação temporária.
§ 1º - Para os docentes, a que se referem os incisos II e III deste
artigo, somente poderá haver atribuição, como Professor Auxiliar, na comprovada
inexistência de classe ou de aulas que lhes possam ser atribuídas, no processo
regular de atribuição, em nível de unidade escolar e também de Diretoria de
Ensino.
§ 2º - O Professor Auxiliar, em qualquer dos níveis de ensino, exercerá
suas atribuições em até, no máximo, 30 (trinta) aulas semanais, fazendo jus, de
acordo com a legislação pertinente, à quantidade de horas de trabalho
pedagógico correspondente à carga horária atribuída.
Artigo 13 - A Recuperação Intensiva, caracterizada como mecanismo
de recuperação pedagógica centrada na promoção da aprendizagem do aluno, mediante
atividades de ensino diferenciadas e superação das defasagens de aprendizagem diagnosticadas,
a que se refere o item 2 do parágrafo único do artigo
9º desta resolução, será estruturada em dois tipos de classes, cuja instalação
deverá observar, obrigatoriamente, a seguinte ordem de prioridade:
I - classe de Recuperação Intensiva de Ciclo - RC, organizada com
o limite mínimo de 10 (dez) e máximo de 20 (vinte) alunos, destinada
exclusivamente a alunos egressos dos anos finais de cada ciclo, cujo desempenho
escolar lhes tenha determinado a permanência, por mais um ano letivo, no 3º, 6º
e 9º anos do Ensino Fundamental;
II - classe de Recuperação Contínua e Intensiva - RCI,
constituída, em média, com 20 (vinte) alunos e destinada a alunos egressos dos
anos finais de cada ciclo, cujo desempenho escolar lhes tenha determinado a
permanência, por mais um ano letivo, no 3º, 6º e 9º anos do Ensino Fundamental,
sendo que, nessa classe, a média de 20 (vinte) alunos poderá ser completada com
alunos egressos do 2º, 5º e 8º anos do Ensino Fundamental que, mesmo cursando
ano subsequente, ainda necessitem de atendimentos de reforço e estudos de
recuperação.
§ 1º - As classes de Recuperação Contínua e Intensiva - RCI, de
que trata o inciso II deste artigo, somente poderão ser instaladas após total
atendimento ao limite máximo da organização de classes de Recuperação Intensiva
de Ciclo – RC.
§ 2º - A organização das classes de recuperação intensiva, RC e
RCI, de que tratam os incisos deste artigo, deverá resultar de indicação feita
pelos professores, no último Conselho de Classe/Ano, realizado ao final do ano
letivo anterior, ocasião em que também poderão ser indicados os docentes da
escola com possibilidade de assumir as referidas classes no ano letivo subsequente.
Artigo 14 - A equipe gestora, em reunião do Conselho de Classe/Ano,
ouvidos os professores da classe ou das disciplinas, ao deliberar sobre a
aplicação dos mecanismos de apoio escolar, deverá, na formação de classes de
recuperação intensiva, de que trata o disposto no artigo 13 desta resolução,
identificar, preliminarmente, diante do total de classes regularmente
constituídas, o número de salas ociosas existentes, por turno/período, na unidade
escolar, que poderão vir a atender a necessidade de formação e a ordem de
prioridade estabelecida no referido artigo.
§ 1º – A formação de classes de recuperação intensiva, observada a
identificação preliminar a que se refere o caput deste artigo, deverá ser
submetida à autorização do Dirigente Regional de Ensino, mediante parecer do
Supervisor de Ensino da unidade escolar.
§ 2º - Excepcionalmente, classes de recuperação intensiva, com
número de alunos inferior ao previsto nos incisos I e II do artigo 13 desta
resolução, poderão ter sua constituição autorizada pelo Dirigente Regional de
Ensino, mediante solicitação devidamente justificada do Diretor de Escola,
acompanhada de parecer conclusivo do Supervisor de Ensino da unidade escolar.
Artigo 15 - A atribuição de classes e de aulas de recuperação intensiva
observará as normas e critérios relativos ao processo anual de atribuição de
classes e aulas.
Parágrafo único - As classes e as aulas de recuperação intensiva
poderão constituir e ampliar a jornada de trabalho do docente titular de cargo,
e também, se for o caso, compor sua carga suplementar.
Artigo 16 – Caberá às Coordenadorias de Gestão da Educação Básica
e de Gestão de Recursos Humanos, na conformidade das respectivas áreas de
competência, baixar instruções que se façam necessárias ao cumprimento do que
dispõe a presente resolução.
Artigo 17 - Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação,
ficando revogadas as disposições em contrário, em especial as Resoluções SE nº
2, de 12.1.2012, nº 44, de 12.4.2012, nº 43, de 18.6.2013, nº 61, de 30.8.2013,
e nº 74, de 8.11.2013.
Notas:
Revoga
Res. SE nº 2/12;
Revoga
Res. SE nº 44/12;
Revoga
Res. SE nº 43/13;
Revoga
Res. SE, nº 61/13;
Revoga
Res. SE nº 74/13.